quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A dona daquele Sonho


'Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem'


Era uma rua comum, naquela vaguidão clara dos postes às duas da manhã.
Aqui e ali poças ainda teimavam em reluzir vestígios daquela chuva.
Janelas apagadas, portas bem trancadas, até a solidão canina brilhando em olhos lá longe cabiam naquele espaço.
E ele acabara se lembrando que rua um dia fora ruga, em latim. Coisa besta de se lembrar naquela circunstância.
Havia o mundo lá fora e um coração enrugado no peito, cheio de memórias de ruas e casas e vidas...
Exausto, jogou-se na calçada a espera de alguém se compadecesse e o levasse embora.
Coisa mais triste de ver era aquele sonho jogado ali, ao léu, numa rua qualquer, só porque por desajeito de nascença não vingara.
Passando por ali voltando para casa ela nem pestanejou, de mãos estendidas recolheu o sonho e desde então a rua tem uma moradora mais sorridente, uma moça de olhos fortes que guarda um sonho secreto encontrado às duas da manhã de pleno dezembro molhado.
Sonho é assim, não tem hora pra encontrar lugar no peito alheio.

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