domingo, 6 de fevereiro de 2011

Pingos que são tsunamis


'Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu'

A chuva começava a se formar e Ana Terra lá longe quase conseguia enxergar as gotículas começando a cair, numa renovação daquele ciclo precioso.
Tão parecido com a vida.
Tirando o tênis ela plantou os pés no chão como foi possível ali naquele pedacinho tão mínimo de terra e esperou a chuva cair pra molhar e dizer que tudo se renovava, trazia energia nova, fazia fluir o bem.
Ser ultra-pensante que era nem quis filosofar, tentou não pensar em teorias, tateou de olhos fechados o vento e sorriu dizendo o quanto era bem vindo o vendaval.
Que o vento levasse embora o que não tivesse raízes, que limpasse o quintal e a porta da frente da sua alma, e que a chuva fizesse brotar tudo que fosse semente de algo bonito e sólido e puro.
De nariz empinado e com as mãos abertas ela recebeu as preces do mundo inteiro, ela agradeceu naquele silêncio de quem conversa com Deus bem segredado e ela sentiu, pensou, até teorizou sobre toda aquela leveza de pipa feita de pluma dentro dela.
Haveriam de pensar que ela era louca por pensar tudo aquilo, mas a loucura de uns era a sabedoria diante de quem realmente importava.
E que pensassem, pensar era movimentar a alma, e já era alguma coisa pra não deixar tudo virar limo.
Que os ciclos tivessem sempre força para se renovar e que ela, bichinho questiona-dor, questionasse mesmo tudo até tirar o pó de pirlimpim da vida e descobrir o bem para compartilhar, re-ciclar, sempre e sempre.
E a chuva chegou e jogou sobre ela a água já sedenta por fertilizar.


4 comentários:

Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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