sábado, 2 de abril de 2011

Pra você não escapar


 "Por ser lugar comum
Deixamos de extravasar
De demonstrar"

O apartamento estava escuro e a tempestade começava a tomar formas concretas, o vento invadia tudo da mesma forma que a presença dele, tempestuosa.
Quando a campanhia tocara em nenhum momento ela imaginou ser ele, por nenhum segundo sequer ela desejou que ele estivesse ali, não naquelas circunstâncias, não quando tudo dizia que era loucura e que era preciso foco, todo foco do mundo.
Mas os olhos de cílios longos pediram para entrar e ela ia dizer o quê? O não ficou preso na garganta junto com as milhares de outras palavras que já deveriam ter saído de lá fazia tempo mesmo. Em algum lugar longe habitava a sanidade, não mais nela.
Quando ele se jogou no sofá da sala e perguntou por todos, e insistiu para que saíssem e se desculpou pela visita inesperada ela se concentrou no mundo que ia desabar lá fora, mas até o vento vinha como ele.
Deixou estar por um segundo, mas não havia concentração que se firmasse em meio a tanta coisa que ele dizia. Onde mesmo ela tinha aprendido que tudo tem um motivo, uma razão?
Foi até o quarto e encostou a porta da varanda, a chuva chegaria e do jeito que prometia iria inundar tudo tão rápido.
No devaneio de seguir o rastro dela ele se viu lá também, os olhos negros lotados de censura e ele destituído de todo o medo, aquela loucura gostosa que tanto querer causam na gente. Os dedos doloridos de vontade de ter nas mãos o rosto, os lábios provedores do sorriso, o cabelo. A vida.
Rompeu com o limite imposto, nunca entendera o porquê dele.
E quando ele a puxou pelo braço e ela sentiu a pele ferver, quando ele se fez presente e ela sentiu o perfume que vinha da blusa de um tom forte e bonito, quando ele se aproximou o máximo que podia ela não conseguiu negar mais nada, nem o beijo, nem o medo, nem o mundo.
Não quis negar. Quis só que viesse e fosse como fosse, profundo e digno, se era pra ser que ficasse.
E se beijaram, os lábios dele tinham um toque tão macio e terno, um toque de delicadeza faminta. Os olhos fechados dela não viram o quanto foi mágico para ele, mas lá dentro ela sentia tudo tão forte que não pensava, não pensava.
Quando se desprenderam e notaram que a chuva havia chegado, tudo estava ainda mais escuro e tão claro.
- Eu tentei te esquecer. - ela juntou forças para quase soletrar, mais para se convencer.
- Eu não. Eu sabia que era impossível!
Foi o que ele disse sem medo, sem esperança. Só fé mesmo.
O que tem que ser tem muita força.


(Ao som de: Quando eu te Encontrar - Biquini Cavadão)

2 comentários:

  1. Amo essa música, show, aaaaaaaamo demais.
    Adorei esse texto. Quanta intensidade *------*
    Tenho uma leve impressão de ser um tanto real rs.

    Beijo, Tay

    ResponderExcluir
  2. Nossa seu blog é realmente incrível, os textos, a criatividade, tudo
    Te seguindoo desde ja viuu
    Espero sua visita la no meu tbm
    http://essenciaego.blogspot.com/

    Ps: Essa músicaa é muito linda!!
    bjo

    ResponderExcluir

Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...