sexta-feira, 5 de abril de 2013

De tudo que lhe quero bem


Cause even the stars they burn
Some even fall to the Earth
We got a lot to learn
God knows we're worthy
No I won't give up


Eu teria ficado acordada a madrugada toda, como naquela música do The Fray que tanto me faz chorar revendo a Izzye jogada em cima do corpo do Denny. Eu permaneceria em vigília facilmente se eu soubesse que salvaria uma vida. Tantas músicas, tantas. Eu iria a pé do Rio a Salvador. Pra te ver sorrir eu poderia colorir o céu de outra cor. Clichês baratos sabe?
A verdade? Se dependesse de mim nada teria sido assim só que em algum ponto dependeu da gente e por erro de percurso não se notou. Eu teria dado o meu melhor, mas já era tarde demais para dar qualquer coisa.
Sabe, eu sofri. Não vim aqui destilar álcool sobre isso, acontece que eu em um momento de tudo parei de pensar que talvez você também sofresse. Sofre-se por ser morto e eu preferi não pensar que também se sofria por matar porque sempre que eu pensava que falta é uma dor comum eu me colocava em estado de vigília imaginando se estava fantasiando que você sentia ou não saudades. Sou confusa e estou realmente me saindo melhor ainda escrevendo tudo isso né?
Eu teria feito o impossível mas você uma vez só me pediu uma coisa, e eu não fiz. Como é fácil falar, como é! Você pediu que eu respeitasse os seus limites e eu até hoje, até agora estou cruzando suas linhas.
Desamarrei meus cadarços e voltei a pisar no chão, passo medroso no começo mas ciente de que a força está no cérebro que firma as pernas. Olhei o céu, as montanhas e o além, olhei o tanto de vida que tinha aqui dentro e até sorri, pois é, eu voltei a sorrir, aos poucos. E eu ainda teria permanecido acordada se soubesse como salvar uma vida.
Agora fico aqui pensando se existe fórmula para isso. Aquela minha mania de filosofar e viajar: vidas não foram feitas para serem salvas, talvez a medicina seja uma vaidade de quem tem medo de passar a fronteira. Vivia dizendo que tudo dura o tempo exato que tem que durar e olhe que outra vez falar isso é bem mais fácil que vivenciar, eu só sinto muito sabe. Por antes também, mas de forma diferente, não sei explicar. Sinto por ter causado qualquer dor e sinto se estiver causando agora, se por negligência minha o que eu digo ainda te dói. Não é por mal, é só porque lembrar você deixou de doer em mim e acontece com naturalidade agora, veja bem, as pessoas vão embora mas as lembranças não, elas se acumulam em caixinhas na estante que a gente tira poeira vez ou outra. Por tudo que foi para mim é impossível (por enquanto é, sinto muito) não lembrar de você vez ou outra. Não gostaria que isso te doesse, não gostaria mesmo que se ao cruzar com você e sorrir você desvie o rosto. Não gostaria que as coisas tivessem tomado o rumo que tomaram mas já que foram por esse caminho, que ao menos sobre aquela magnífica vontade de fazer o outro bem. Pelo amor, eu te quero todo o bem do Universo e olhe, não me aproximo para esfregar nada nos seus olhos bonitos, não me aproximo para implorar que você me deixe ser qualquer coisa parte da sua mobília só para estar perto, eu só venho quando preciso externar que ainda te quero bem e que algo me lembrou você. 
Cabe ter alguns direitos, eu tenho o de lembrar com carinho, você mesma me concedeu. De verdade, sinto muito por não ter compreendido o quanto o seu espaço era tudo que você queria, eu sou péssima em entender coisas, ando cogitando seriamente entrar pro ramo das exatas porque meu cérebro não é lá essas coisas com cognição, entretanto é parte do que eu sou tudo isso. Sou piegas, lembra? A gente não pode pedir desculpas por ser o que é, acaba soando falso. Estando você perto ou não eu vou me lembrar vez ou outra de coisas suas porque eu sou estranha assim, acontecimentos me lembram pessoas e pessoas, mesmo a gente não sabendo como salvar uma vida, algumas pessoas são imortais dentro da gente.
Não quero te fazer sofrer, não quero que por dizer uma ou outra coisa que faça referência a algo que foi lindo isso cause rebuliço aí dentro, só quero ter a liberdade de dizer sem que isso te machuque porque eu sei que já machuquei não fazendo o possível que foi pedido, não tem necessidade de machucar mais. Não quero nem ter que ficar tentando entender se um gesto meu teve ou não significado para você porque isso voltaria a me fazer ficar pensando em reciprocidade e me botaria a ficar indagando coisas que estão chegando aos eixos.
Às vezes fazer o impossível parece mais fácil do que fazer o que está bem diante das nossas possibilidades, dessa vez eu não estou passando por cima de nada, só estou e isso eu sei que vou estar por muito tempo, querendo que algo te faça sorrir.
Pra sempre eu vou me lembrar com carinho, tivesse eu direito de pedir alguma coisa ainda seria o mesmo.

(Ao som de I Won't Give Up)

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Lembre-se que você me faz feliz. Críticas serão sempre aceitas, desde que você use de um mínimo de educação. Eu jamais ofendo ninguém, tente prezar a reciprocidade.
Beijos!

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